Provavelmente todo mundo já ouviu falar sobre psicossomática. E uma grande quantidade desta informação dá origem a um grande número de mitos, o que, infelizmente, leva à confusão dos pais, à incapacidade de ajudar a criança e, por vezes, até ao perigo de danos.
- Mito nº 1 – Crianças não têm psicossomática
- Mito nº 2 - A psicossomática de uma criança é sempre uma questão de doença
- Mito nº 3 – As doenças psicossomáticas são para os fracos
- Mito nº 4 - Todos os problemas da infância surgem da cabeça
- Mito nº 5 – Os problemas psicossomáticos em uma criança desaparecem por conta própria
Vamos tentar entender os mitos que mais ouço dos pais que vêm às consultas com os filhos.
Mito nº 1 – Crianças não têm psicossomática
Muitas vezes você pode ouvir dos adultos: “Todas as doenças vêm dos nervos”. Mas assim que se trata de diagnosticar doenças em seus filhos, por algum motivo essa ideia é difícil para muitos aceitarem. “Que tipo de estresse eles têm estresse? Eles nem funcionam! Eles nem mesmo assumem responsabilidade por nada! Por que eles deveriam ficar chateados? Viva e seja feliz!” – muitas vezes é isso que ouço nas primeiras consultas. Na verdade, para uma criança, o mundo inteiro que nos rodeia é um factor de stress muito maior do que para nós.
Em primeiro lugar, o seu sistema nervoso ainda não está formado, em segundo lugar, porque não existem competências psicológicas para superar o stress e, em terceiro lugar, para a criança tudo acontece pela primeira vez. Você pode imaginar como seria para nós se um dia fôssemos colocados em um novo planeta com novas leis da natureza e da sociedade? Viver e ser feliz? E também é bom que todos neste planeta sejam amigáveis e tenham tudo o que é necessário para a existência.
Vamos descobrir o que é essa “psicossomática”? Este termo reúne uma série de fenômenos em que fatores psicológicos provocam o aparecimento de “sintomas” somáticos (corporais). A mesma palavra denota uma direção na medicina e na psicologia que estuda e descreve tais fenômenos.
Hoje, a OMS fornece as seguintes estatísticas: a proporção de pacientes psicossomáticos que visitam médicos é cerca de 40-50 % . Você pode imaginar qual a porcentagem de pessoas que não recorrem aos médicos para esses problemas? Além disso, a cada ano cresce a lista de “doenças psicossomáticas”, assim como a quantidade de fatores que provocam seu aparecimento.
Mito nº 2 – A psicossomática de uma criança é sempre uma questão de doença
Perguntemo-nos: “O que é “meu corpo”?” Como determinamos o que nos pertence e o que pertence ao mundo? Imagine: uma criança teve um dente e ele caiu. Um novo cresceu. É dele? Sim! E o antigo que caiu? Provavelmente não agora. E se uma prótese fosse inserida? Nós também sentimos isso, como parte do nosso próprio corpo. Ou tratamos um dente, o médico fez uma cárie – parece estranho. Com o tempo, esse sentimento começa a desaparecer. Tais fenômenos corporais conectam nossa “psique” e nossa “somática”.
Quando uma criança nasce, ela tem um número muito pequeno de maneiras de interagir com o mundo ao seu redor. A principal linguagem do bebê é o seu corpo, que é dotado de necessidades naturais por natureza. É exatamente assim que a linguagem da psicossomática começa a se desenvolver (embora existam estudos de que doenças psicossomáticas podem se desenvolver no útero com grandes experiências emocionais na mãe). Com a idade, a linguagem corporal absorve todas as características sociais, culturais e históricas, tornando-se um verdadeiro indicador do “sucesso” da interação da criança com o mundo exterior. Neste contexto, “sucesso” é um desenvolvimento saudável e oportuno, “fracasso” é um desvio das normas deste desenvolvimento, uma doença.
O efeito placebo, nocebo, um grande número de ilusões – todos esses são fenômenos do campo da psicossomática. E todos eles são observados em crianças saudáveis.
Mito nº 3 – As doenças psicossomáticas são para os fracos
Pessoas com esse comportamento são caracterizadas por predomínio da motivação para realização, grande importância do sucesso, responsabilidade, agressividade e hostilidade (muitas vezes ocultas), pressa, impaciência, ansiedade, fala explosiva, tensão nos músculos faciais, sensação de constante pressão do tempo e forte envolvimento no trabalho.
Foi demonstrado que indivíduos com características semelhantes estão predispostos a patologias do coração e dos vasos sanguíneos (esta probabilidade aumenta 6,5 vezes à medida que envelhecem). Mas a formação dos pré-requisitos para tal comportamento e perfil psicossomático começa já nos primeiros anos de vida!
Mito nº 4 – Todos os problemas da infância surgem da cabeça
De jeito nenhum. E, como resultado, nem todas as doenças podem ser tratadas trabalhando com a psique. Portanto, é dever de qualquer especialista abordado pelos pais de uma criança com suspeita de psicossomática determinar se ela é psicossomática. Como entender isso?
O paciente deve passar por um exame médico completo do sistema que falhou. Ainda nenhuma causa orgânica foi encontrada? Isto significa que podemos começar a discutir sobre a presença de razões psicológicas.
Mito nº 5 – Os problemas psicossomáticos em uma criança desaparecem por conta própria
Isso também acontece, mas está longe de ser a regra, mas sim a exceção. Se um problema psicológico passou para o nível físico, significa que o corpo da criança não consegue mais lidar sozinho. Uma doença psicossomática é, antes de tudo, uma doença. Isso significa que ele precisa ser tratado.